A velocidade vertiginosa com que a Inteligência Artificial (IA) avança impõe ao setor público a necessidade de uma adaptação contínua e estratégica. Aqueles que não acompanham a evolução correm o risco de ver suas organizações e suas próprias carreiras ficarem defasadas. A próxima fronteira da IA, já em desenvolvimento e com aplicações promissoras para a gestão pública, são os "agentes de IA generativa". Esse conceito representa um salto significativo, transformando a interação com a IA de comandos pontuais para a automação de processos complexos, quase como um "copiloto" inteligente para as atividades administrativas e estratégicas.
A automação de tarefas por meio de agentes de IA generativa transcende a simples formulação de prompts. Se hoje um servidor pode usar um prompt para gerar uma ata de reunião, o futuro aponta para sistemas onde esse prompt já estará integrado a uma aplicação, automatizando a coleta de informações e a geração do documento final. Um agente de IA seria capaz de, por exemplo, buscar os dados necessários de diferentes fontes, processá-los, e entregar uma ata completa com mínimos comandos. A ideia central é que a máquina "saiba" o que fazer, bastando uma solicitação de alto nível, como "Me faça a ata desta reunião" ou "Prepare o planejamento desta auditoria".
No contexto do Tribunal de Contas da União (TCU), essa visão já está se materializando em projetos piloto. A construção de uma auditoria baseada em agentes de IA é um exemplo paradigmático. Em vez de um único sistema genérico, o conceito prevê agentes especializados para cada etapa do processo: um agente para o planejamento da auditoria, outro para a elaboração do relatório, um terceiro para a identificação de achados, e até mesmo um agente para analisar entrevistas com os jurisdicionados. Essa modularidade e especialização prometem revolucionar a eficiência e a precisão dos trabalhos de controle, liberando os auditores para análises mais aprofundadas e julgamentos complexos que exigem discernimento humano.
A transparência no uso da IA também se torna um valor inegociável. Como exemplificado por um ministro do TCU que, em votação plenária, utilizou IA para refinar a redação de dispositivos de uma instrução normativa, a ferramenta pode ser integrada ao trabalho sem que isso diminua o mérito da decisão humana. A menção explícita de que a IA foi usada para melhorar a clareza e objetividade do texto demonstra uma postura de vanguarda e responsabilidade, naturalizando o uso da tecnologia como um recurso auxiliar, assim como uma calculadora ou um processador de texto. A IA não substitui o julgamento ou a autoria intelectual, mas aprimora a forma e a eficiência com que o trabalho é realizado.
Essa transição para uma era de agentes de IA exige uma reavaliação fundamental das competências profissionais. A capacidade de interagir com a inteligência artificial, de formular prompts eficazes e de supervisionar suas entregas, está se tornando tão crucial quanto as habilidades tradicionais de leitura, escrita e cálculo. A IA assume as tarefas mecânicas e repetitivas, permitindo que os profissionais foquem em habilidades mais estratégicas e humanas, como o pensamento crítico, a criatividade, a resolução de problemas complexos, a empatia e o julgamento ético. Para os gestores, técnicos e auditores do setor público, isso significa que dominar a IA não é uma opção, mas uma necessidade para permanecer relevante no mercado de trabalho e para impulsionar suas organizações. Aqueles que não se adaptarem correm o risco de serem "desempregados pela IA", especialmente em funções de atendimento ao público ou produção de conteúdo que podem ser facilmente automatizadas.
A velocidade da mudança é um fator crítico. Como o exemplo do Google e da OpenAI demonstrou, a "perda de tempo" na adoção de novas tecnologias pode custar a liderança no mercado. Para o setor público, isso se traduz na necessidade de iniciar a jornada da IA, mesmo que em pequena escala. Se os dados não estiverem prontos, a organização não estará pronta para a IA, mas isso não deve ser um impeditivo para começar. É fundamental iniciar o trabalho de estruturação e melhoria da qualidade dos dados, formar equipes técnicas, investir em nuvem e desenhar uma governança. Mesmo sem todos os pré-requisitos ideais, as organizações podem se beneficiar de plataformas seguras de IA generativa (como as oferecidas por grandes players), que garantem a proteção dos dados e permitem a aquisição de experiência.
A cultura de compartilhamento e colaboração entre órgãos públicos, como promovido pelo TCU ao disponibilizar o código do ChatTCU para dezenas de outras instituições, é um catalisador poderoso para essa evolução. Ao compartilhar conhecimento e soluções, as organizações não apenas aceleram a adoção da IA em todo o ecossistema público, mas também se beneficiam do aprimoramento coletivo. Essa abordagem de "código aberto" para o setor público permite que as ferramentas sejam constantemente melhoradas, adaptadas e enriquecidas por uma comunidade de usuários, criando um ciclo virtuoso de inovação.
Em conclusão, o futuro do serviço público com a IA é promissor e desafiador. A ascensão dos agentes de IA generativa transformará a forma como o trabalho é realizado, exigindo uma nova mentalidade e um conjunto de habilidades aprimorado dos profissionais. A capacidade de compreender, interagir e governar a IA será tão fundamental quanto as competências básicas. Para Geraldo e o IBGP, que buscam posicionar o forum.ibgp.net.br como uma autoridade em governança pública, é vital que o conteúdo reflita essa visão de futuro, preparando os líderes e especialistas do setor público para navegarem com sucesso na era da inteligência artificial, não como meros usuários, mas como estrategistas e inovadores.
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