Atualmente muito se discute sobre as diferença entre os conceitos de Governança Inteligente e Governo Inteligente.
Inicialmente importa esclarecer que a Inteligência expressa nesses conceitos “está na análise relacionada ao contexto e na combinação de uma grande quantidade de dados estruturados e não estruturados, que permite que algoritmos de autoaprendizagem façam declarações cada vez mais precisas sobre determinados fatos, sobre grupos ou mesmo sobre indivíduos, permitindo a automação ou a execução de tarefas de maneira muito mais eficiente e amigável aos cidadãos”.
Guenduez, Mettler e Schedler (2019)
Então vamos aos conceitos individualmente:
I – Governo Inteligente
O que é Governo Inteligente
O governo inteligente é aquele que aproveita as oportunidades oferecidas pelas TIC, conectando e integrando ambientes físicos, digitais, públicos e privados para interagir e colaborar passiva e ativamente com os cidadãos para melhor entender suas necessidades e para fornecer serviços de maneira criativa, eficaz e eficiente a qualquer momento (até mesmo de forma previsível) e em qualquer lugar.
(Scholl & Scholl 2014)
(Guenduez et al. 2017 )
(Gil-Garcia, Zhang & Puron-Cid 2016; Schedler 2018)
O que torna o Governo Inteligente
No início, o termo era usado para referir-se a governos que produziam resultados de forma extremamente eficaz, adaptando suas capacidades de gestão.(Kliksberg, 2000). Aumentando o espectro, incluiu tecnologias inteligentes e integradas, ações governamentais em rede, gestão da inovação e modelos de serviços baseados em percepções comportamentais de dados.
(Scholl & Scholl 2014; Zhang, Luna-Reyes & Mellouli 2014; von Lucke 2016;Nam & Pardo 2011; Schedler 2018)
Aspectos relevantes que definem a inteligência no governo
Fatores de sucesso para Governos Inteligentes
Fatores Institucionais
Governança Clara
Estabelecimento de papeis e responsabilidades entre os atores do governo. Tornar a Governança obrigatória nos órgãos públicos.
Compromisso Político
A agenda de transformações requerem fluxo de recursos financeiros, humanos e tecnológicos. O apoio político é fundamental.
Entendimento Jurídico
Necessidade de alinhamento e análise sistemática das necessidades regulatórias. Cuidado com as implicações de proteção de dados.
Consciência Digital
Preparação dos cidadãos para iniciativas de digitalização e incentivo à participação ativa dos programas de governo inteligente.
Infraestrutura e Padrões de TI
Investimento em infraestrutura, sistema interoperáveis e modula-res. Solução para os sistema legados e para lei de aquisições.
Fonte: Guenduez, A. A., et al. (2018)
Fatores Organizacionais
Estrutura e Processos
Centralização temporária de tarefas e competências. Exemplo de tarefas organizacionais que podem ser distribuídas:
- Direcionamento estratégico de recursos, projetos, com criação de Comitê dos Chefes de Escritórios Digitais (CDOs);
- Coordenação, compartilhamento de conhecimento e padronização de processos e -soluções, quando possível;
- Desenvolvimento e implantação de novos serviços e soluções.
Capacidades Organizacionais
Necessidade de unir conhecimento funcional e de negócios, enfatizando um abordagem mais multifuncional, multirracional, ágil e baseada em projetos. Ressalta-se a melhoria nas seguintes habilidades e conhecimento:
- Gestão de tecnologia
- Gerenciamento de dados
- Cibersegurança
- Análise e modelagem de negócios
- Gerenciamento de mudanças
- Experiência do usuário
- Gerenciamento de inovação
Valores
Criar modelos de serviços centrados no Cidadão. Implementar mudança nos Valores organizacionais que orientam as decisões estratégicas como por exemplo:
- Primeiro Digital e Apenas Digital
- Capacitação dos cidadãos
- Colaboração
- Empreendedorismo e inovação
Recursos Humanos
As novas tarefas, capacidades e aspectos culturais necessários devem ser refletidos nas mudanças correspondentes às políticas de recursos humanos das administrações públicas.
O conhecimento dos funcionários está rapidamente se desgastando, devendo implementar ações que mitiguem o problema, tais como:
- Recrutamento em conformidade com as novas capacidades exigidas pelo governo inteligente;
- Treinamento deve mudar de apenas funcional para as categorias de capacidade de habilidades tecnológicas, metodológicas, de pessoas e de ponte. Tornando constante a requalificação e a aprendizagem ao longo da vida funcional;
- Preparar e permitir trajetórias de carreira menos lineares, trazendo a multirracionalidade para o centro das carreiras existentes.
Liderança e Estratégia
É essencial uma estratégia amplamente coordenada e orientada por políticas, com forte foco na liderança e estratégia interdepartamental e ênfase no envolvimento da alta administração empurrando e claramente se comprometendo com a estratégia do governo inteligente:
- O governo inteligente deve ser um item regular da agenda e a liderança deve estar ativamente envolvida e comprometida com os planos e decisões inteligentes do governo;
- É crucial estabelecer uma compreensão compartilhada do conceito geral, visão, estratégia e responsabilidades, iniciando um processo de alinhamento interdepartamental, criando um “chefe transformador digital”, para coordenar as ações relacionadas ao governo inteligente;
- É necessário garantir recursos para implementação de ações em todos os níveis e em todos os órgãos, porque o governo inteligente é uma visão interdepartamental de longo prazo;
- Incorporar o governo inteligente na estratégia geral dos órgãos, porque ele não é uma meta, mas um meio para um fim, que deve responder de forma mais eficaz e dinâmica às necessidades da população, melhorando resultados e conquistando a participação ativa;
- A agenda do governo inteligente deve ser claramente diferenciada de outras sub-estratégias, especialmente da estratégia de TI.
Como Governos se tornam Inteligentes
Um governo inteligente requer uma visão abrangente e integrada de tecnologia, dados, processos, produtos, participantes e serviços.
II – Governança Inteligente
O que é Governança Inteligente
Governança é a interação de processos, informações, regras, estruturas e normas que orientam o comportamento em relação aos objetivos declarados que impactam a coletividade.
(Kooiman 1993; Lessig, 2009; Rhodes 1996)
Esses objetivos geralmente envolvem a alocação de recursos escassos, incluindo bens públicos, a coordenação de diversos participantes e partes interessadas, o estabelecimento de processos claros para a tomada de decisões e a resolução de conflitos.
(Johnston e Hansen, 2011)
Projetos para Governança Inteligente
Lição 1: Organizar-se em torno de problemas específicos em vez de instituições ou geografia
Lição 2: Crowdsource a identificação de problemas acessíveis e soluções promissoras
Lição 3: Fornecer caminhos claros, mas significativos, para contribuir
Lição 4: Incentivar o engajamento contínuo e crescente
Lição 5: Coordenar o esforço descentralizado, mas não diversos juízos de valor
Lição 6: Fornecer acesso aberto a dados e ferramentas úteis em formatos utilizáveis
(Johnston e Hansen, 2011)
Exemplos de Áreas Foco da Governança Inteligente (Governo Alemão)
- Orçamento, controle e avaliação
- Governo eletrônico, modernização administrativa e racionalização de processos
- Segurança Patrimonial e Segurança Física
- Revisão de Infraestrutura e Conectividade de Alta Velocidade Onipresente
- Mobilidade Elétrica
- Participação e Colaboração
- Provisão e Uso de Dados Abertos/Big Data
- Governo aberto, transparência e responsabilidade
(Scholl e Scholl, 2014)
Elementos de Governança Inteligente
- Normas
- Políticas
- Práticas
- Informação
- Tecnologias da Informação e Comunicação
- Competências e Capital Humano
- Outros recursos
(Scholl e Scholl, 2014)
Veja os artigos que tratam do assunto:
Projeto de Lições para Infraestruturas de Governança Inteligente
Fatores de sucesso do Governo Inteligente (Smart Government)
EXCELENTE ARTIGO