A Inteligência Artificial (IA) deixou de ser apenas uma tendência futurista para se tornar uma ferramenta estratégica essencial — inclusive no setor público. Mas como os gestores, técnicos e auditores podem se preparar para esse novo cenário? O primeiro passo é entender que a IA não surgiu do nada. Sua trajetória começou em 1943, com modelos matemáticos inspirados no funcionamento dos neurônios humanos, e evoluiu até chegarmos aos modelos generativos como o ChatGPT.
Durante esse percurso, marcos importantes moldaram o potencial da IA: desde o teste de Turing, passando pelo surgimento do chatbot “Eliza” nos anos 1960, até a vitória do Deep Blue sobre o campeão mundial de xadrez em 1997. Em 2022, com o lançamento do ChatGPT, vivenciamos uma verdadeira revolução: a IA não apenas reconhece padrões, mas gera novos conteúdos — textos, imagens, músicas e até vídeos — com base em comandos humanos simples.
No setor público, isso representa uma oportunidade histórica de transformar a gestão, reduzir custos, ampliar a transparência e melhorar a entrega de serviços. Entretanto, a adoção da IA exige mais do que vontade: é necessário planejamento, governança e capacitação. A alta administração deve estar envolvida, e as equipes precisam ser multidisciplinares, com conhecimento jurídico, técnico, ético e estratégico.
Dados estruturados, infraestrutura tecnológica e políticas claras são pilares indispensáveis. Mas mesmo órgãos com recursos limitados podem iniciar sua jornada com pequenas aplicações seguras, contratando soluções externas e garantindo a proteção dos dados sensíveis.
O Brasil ainda ocupa uma posição modesta no ranking global de IA, mas com investimentos consistentes e decisões bem fundamentadas, é possível mudar esse cenário. Afinal, como disse um dos líderes da OpenAI, estamos diante de um “algoritmo que pode aprender qualquer distribuição de dados”. Ignorar esse potencial seria negligenciar o futuro da administração pública.
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Professor Rainério Rodrigues Leite
Engenheiro Civil e Bacharel em Direito, com especialização em Direito Administrativo e Gestão Pública. Atua desde 1994 como Auditor Federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da União (TCU), onde tem desempenhado diversas funções de liderança estratégica desde 1995. Atualmente, lidera a Secretaria de Tecnologia da Informação e Evolução Digital. Foi um dos idealizadores do ChatTCU, o primeiro chatbot baseado em IA Generativa desenvolvido por um órgão público no Brasil, e liderou a implantação, estruturação e disseminação do uso dessa tecnologia no TCU.