Os impactos da Inteligência Artificial (IA) na produtividade e na qualidade dos serviços públicos já são visíveis. Segundo estudos apresentados no podcast do Professor Rainério Rodrigues Leite, o uso estratégico da IA pode multiplicar por quase cinco vezes a produtividade dos servidores, reduzir significativamente tarefas repetitivas e ainda garantir mais qualidade na entrega final.
Mas há um ponto de atenção: produtividade não pode vir à custa da ética. No setor público, onde a confiança e a transparência são pilares, o uso da IA exige cuidado redobrado. As alucinações — respostas erradas que parecem corretas — são exemplos práticos dos riscos de se utilizar IA generativa sem governança adequada.
O caso do TCU ilustra uma boa prática: a instituição desenvolveu o ChatTCU, um modelo baseado em IA treinado com dados internos, que permite aos servidores consultarem jurisprudência, normas e documentos com segurança e confiabilidade. Além disso, estabeleceu diretrizes claras sobre o uso ético e seguro da tecnologia, promovendo capacitação interna contínua.
A chave para o sucesso está em três pilares fundamentais:
- Capacitação técnica e estratégica — para que os servidores saibam como usar as ferramentas e interpretar seus resultados.
- Políticas internas claras — que delimitem o uso ético, seguro e responsável da IA, evitando exposições indevidas de dados sensíveis.
- Infraestrutura e dados estruturados — afinal, sem dados organizados e de qualidade, nenhuma IA produzirá resultados confiáveis.
Além disso, é preciso fomentar a cultura de inovação. Isso inclui permitir erros em fases experimentais, criar laboratórios de inovação, testar modelos de contratação flexíveis (como encomendas tecnológicas) e incentivar a troca de experiências entre órgãos públicos.
Em resumo, a IA não é mais uma escolha: é uma necessidade estratégica. Mas só trará resultados reais se usada com responsabilidade, planejamento e envolvimento institucional.
Deixe seu Comentário: Como sua organização está preparando seus servidores para lidar com os desafios éticos e operacionais da IA?

Professor Rainério Rodrigues Leite
Engenheiro Civil e Bacharel em Direito, com especialização em Direito Administrativo e Gestão Pública. Atua desde 1994 como Auditor Federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da União (TCU), onde tem desempenhado diversas funções de liderança estratégica desde 1995. Atualmente, lidera a Secretaria de Tecnologia da Informação e Evolução Digital. Foi um dos idealizadores do ChatTCU, o primeiro chatbot baseado em IA Generativa desenvolvido por um órgão público no Brasil, e liderou a implantação, estruturação e disseminação do uso dessa tecnologia no TCU.