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IA Clássica versus IA Generativa e os Desafios Regulatórios

IA Clássica versus IA Generativa e os Desafios Regulatórios

A correta compreensão das nuances entre as diferentes vertentes da Inteligência Artificial é pré-requisito para a formulação de políticas de governança eficazes. Frequentemente tratadas como um monólito tecnológico, a IA Clássica (ou Discriminativa) e a IA Generativa possuem arquiteturas, capacidades e riscos distintos. Este artigo explora essas diferenças fundamentais e discute como elas alteram o foco da regulação e do controle na administração pública.

A IA Clássica, que dominou o cenário tecnológico nas últimas décadas, opera sob uma lógica discriminativa e classificatória. Seus algoritmos são desenhados para analisar dados existentes e categorizá-los ou realizar previsões numéricas com base em padrões históricos. Em termos de governança, a IA Clássica tende a ser mais "explicável"; é possível, em muitos casos, rastrear a árvore de decisão do algoritmo. A regulação, neste cenário, foca predominantemente no produtor da tecnologia e na auditoria do código e dos dados de treinamento.

Em contraste, a IA Generativa introduz uma ruptura epistemológica. Ela não apenas classifica, mas cria novos conteúdos — texto, imagem, código, áudio — a partir de aprendizado não supervisionado ou semi-supervisionado. A complexidade das redes neurais profundas que sustentam esses modelos cria o problema da "caixa preta" (black box), onde o processo exato de tomada de decisão da máquina é opaco até mesmo para seus desenvolvedores. Isso desloca o eixo da responsabilidade: a regulação precisa focar não apenas no desenvolvedor, mas intensamente no usuário e na engenharia de prompt.

Para o auditor e o gestor público, essa distinção é vital. Enquanto a auditoria de uma IA Clássica pode focar na acurácia estatística de uma previsão, a auditoria de uma IA Generativa deve focar na mitigação de alucinações, na verificação factual e na ética do conteúdo gerado. A governança passa a exigir uma camada adicional de "human in the loop" (humano no comando), garantindo que a criatividade da máquina não viole princípios constitucionais de impessoalidade e legalidade.

A convivência entre sistemas determinísticos e generativos será a norma na administração pública. O sucesso da governança digital dependerá da capacidade das instituições de criar frameworks regulatórios flexíveis, que reconheçam as especificidades de cada tipo de IA, garantindo inovação com segurança jurídica.

Deixe seu comentário: Na sua visão, quais são os maiores desafios regulatórios ao lidar com a "caixa preta" da IA Generativa no setor público?

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