Implantar a Inteligência Artificial (IA) em órgãos públicos não é apenas uma questão tecnológica — é uma decisão estratégica. No podcast do Professor Rainério Rodrigues Leite, um ponto central é reforçado com clareza: não existe adoção segura e eficiente de IA sem governança, dados confiáveis e envolvimento institucional.
O primeiro passo é engajar a alta gestão. Se a liderança não reconhece o valor da IA e não comunica diretrizes claras, o risco de um uso desordenado (e até perigoso) da tecnologia aumenta consideravelmente. O segundo passo é compreender que IA não é assunto exclusivo da área de TI. Juristas, comunicadores, analistas de dados, gestores e auditores devem estar na mesa. A IA é uma ferramenta transversal.
Governança, portanto, exige:
- Políticas institucionais explícitas sobre o uso da IA generativa;
- Grupos de trabalho multidisciplinares;
- Planejamento de uso com foco em problemas reais, e não apenas em modismos.
Além disso, um dos pilares essenciais é a qualidade dos dados. IA sem base de dados estruturada é como tentar construir um prédio sem fundações. Nesse ponto, os órgãos públicos devem avançar no mapeamento, padronização e segurança de suas bases de informação.
Outro destaque do podcast é o incentivo à inovação responsável: criar ambientes de testes, contratar startups por meio de encomendas tecnológicas, fomentar a capacitação em “engenharia de prompts” e compartilhar soluções com outros órgãos públicos — como fez o TCU, que disponibilizou o código do seu ChatTCU para mais de 70 instituições.
A conclusão é clara: esperar ter tudo pronto para começar é perder tempo. A transformação digital não é futura, ela já está em curso. Órgãos que começam agora, mesmo com iniciativas modestas, estarão mais preparados para evoluir de forma segura, ética e sustentável.
Deixe seu Comentário: Sua instituição está apenas acompanhando a onda da IA — ou está remando na frente com estratégia, governança e inovação?

Professor Rainério Rodrigues Leite
Engenheiro Civil e Bacharel em Direito, com especialização em Direito Administrativo e Gestão Pública. Atua desde 1994 como Auditor Federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da União (TCU), onde tem desempenhado diversas funções de liderança estratégica desde 1995. Atualmente, lidera a Secretaria de Tecnologia da Informação e Evolução Digital. Foi um dos idealizadores do ChatTCU, o primeiro chatbot baseado em IA Generativa desenvolvido por um órgão público no Brasil, e liderou a implantação, estruturação e disseminação do uso dessa tecnologia no TCU.