Para JACOBSON, 2009 (p. 7), a Governança de TI é mais do que o processo racional de agentes trabalhando para alcançar um alinhamento estático com o ambiente. Ao compreender Governança de TI como algo que tem lugar dentro de um contexto maior, pesquisadores podem utilizar a Teoria Institucional para analisar as respostas da organização às pressões institucionais, sejam elas formais ou informais, e, examinando as pressões e contextos institucionais, podem melhor clarificar como a Governança de TI é efetivamente feita.
As incertezas, restrições e influências políticas que assolam a Governança Corporativa das organizações públicas chegam à Governança de TI. A elas somam-se as pressões do ambiente interno da organização pública. Desse modo, cultura, valores e procedimentos formais e informais surgem para fazer frente às pressões ambientais, que tendem a ser maiores quanto mais profunda for a hierarquia da organização pública.
As pressões institucionais interferem na área de TI, seus gestores e toda a equipe. Algumas dessas pressões provêem do ambiente externo à organização, fruto das políticas e metas governamentais, dos dispositivos normativos e legais, das determinações dos órgãos de controle interno e externo e, ainda, da ação de movimentos sociais reivindicatórios. Outras surgem dentro da própria organização e representam fatores ambientais internos como metas e direcionamentos estratégicos, indicadores de desempenho, concorrência por recursos insuficientes e, ainda, os aspectos culturais como tradição, mitos e valores, que se exacerbam em ambientes de incerteza e escassez de recursos, sejam eles humanos, orçamentários ou tecnológicos.
Essas pressões institucionais não são vetoriais, vez que representam pontos de vista das entidades de origem (órgãos de controle, sociedade, autoridades governamentais etc.) e muitas vezes suas determinações são antagônicas, pois, mesmo representando interesses legítimos, trazem em seu conteúdo metas e objetivos diametralmente opostos aos objetivos de outras entidades formadoras de pressão. De modo sintético, a Figura 3 mostra as pressões externas e internas que os agentes de governança das organizações públicas estão sujeitos. Enfatiza também a característica cumulativa dessas pressões e as respostas dos agentes mediante ações isomórficas de proteção.
Ocorre que a capacidade de resposta das áreas de TI das organizações públicas brasileiras é muito menor do que a pressão institucional existente, gerando como resultado a ineficiência e ineficácia, exatamente o inverso da expectativa dos agentes das pressões institucionais. Essa situação torna-se um círculo vicioso, pois a falta de recursos gera dificuldades para prestação de bons serviços e a ineficiência desses processos consome boa parte de seus recursos disponíveis. Nesse contexto ambiental típico do setor público, mudanças, inovações e melhorias encontram resistências internas – gerência média e equipe operacional –, e, muitas vezes, resistências externas – órgãos normativos e de controle, para quem a inovação pode parecer risco de prejuízo aos cofres públicos.
Figura 3 – Pressões externas e internas inerentes à GTI no setor público