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A Inteligência Artificial Generativa como Pilar Estratégico para a Modernização da Gestão Pública

A Inteligência Artificial Generativa como Pilar Estratégico para a Modernização da Gestão Pública

A emergência da Inteligência Artificial Generativa (IAG) representa um divisor de águas para a administração pública, oferecendo um conjunto de capacidades transformadoras que vão muito além da mera automatização de tarefas. Sua aplicação estratégica pode impulsionar significativamente a produtividade, aprimorar a qualidade dos serviços e otimizar a tomada de decisões, elementos cruciais para um setor público eficiente e responsivo às demandas sociais. Investir em IAG não é apenas uma questão de acompanhar o avanço tecnológico, mas de posicionar as organizações governamentais em um patamar de excelência, garantindo a entrega de valor ao cidadão e a gestão otimizada dos recursos.

Um dos pilares fundamentais para o investimento em IAG no setor público reside na sua capacidade de gerar conteúdo em múltiplos formatos – texto, imagem, áudio, vídeo, música e até código. Essa funcionalidade abre um leque vasto de aplicações práticas. A geração automatizada de textos, por exemplo, pode revolucionar a produção de relatórios, documentos legais, comunicações internas e externas, liberando servidores para atividades de maior valor agregado que exijam discernimento humano e interação social. A análise de dados, quando combinada com a IAG, ganha uma nova dimensão, permitindo que modelos de linguagem interajam com bases de dados complexas em linguagem natural, facilitando a extração de insights e a compreensão de cenários complexos para a formulação de políticas públicas mais eficazes. A possibilidade de conversar com dados em uma interface intuitiva democratiza o acesso à informação e acelera o processo de análise, tornando-o mais acessível a não especialistas.

Os benefícios estratégicos da IAG para uma organização, especialmente no ambiente público, são multifacetados. Em primeiro lugar, há um notável aumento da produtividade. Pesquisas, inclusive da Casa Branca, indicam que a produtividade pode ser ampliada em até 4,8 vezes com o uso da IA. Isso se traduz em significativa economia de tempo, com estimativas apontando para uma redução de até 10 horas de trabalho por mês e um ganho de 25% no tempo de execução de tarefas. Para o setor público, que frequentemente lida com volumes massivos de documentos e processos, essa otimização é vital. A IAG permite a sumarização rápida de grandes volumes de texto, a identificação de padrões em dados e a geração de respostas automáticas para consultas rotineiras, liberando o capital humano para atividades mais complexas e criativas.

Em segundo lugar, a IAG contribui diretamente para a melhoria da qualidade dos serviços. A capacidade de processar e sintetizar informações de forma consistente e precisa reduz erros humanos e padroniza a entrega. Sistemas de atendimento ao público baseados em IAG, por exemplo, podem oferecer respostas instantâneas e precisas, melhorando a experiência do cidadão. Embora haja preocupações legítimas sobre a substituição de empregos, a perspectiva mais construtiva é a da requalificação e do desenvolvimento de novas competências, onde os profissionais aprendem a colaborar com a IA para amplificar suas capacidades e focar em tarefas que exigem inteligência emocional, criatividade e julgamento ético, onde a máquina ainda não se equipara ao ser humano.

O cenário de adoção da IA na administração pública brasileira já demonstra avanços promissores. Há um investimento federal significativo, com o governo federal já utilizando IA para facilitar o acesso à legislação, permitindo que cidadãos e servidores interajam com bases de dados legais em linguagem natural. No âmbito dos tribunais de contas, a pesquisa mostra que 60% já implementaram soluções de IA, com 45% planejando expandir seu uso. O Tribunal de Contas da União (TCU) tem se destacado como líder nesse avanço, sendo reconhecido internacionalmente pela OCDE em uma pesquisa entre 59 órgãos de controle em 39 países por seu uso avançado de IA. Essa liderança impõe uma responsabilidade maior, mas também serve como um modelo para outras instituições.

Casos práticos ilustram o impacto. No Judiciário, um desembargador conseguiu eliminar pendências de 30 mil processos com o auxílio da IA, ao montar uma equipe especializada em seu gabinete para lidar com a tecnologia. A Advocacia-Geral da União (AGU) e a Receita Federal também empregam IA. A Receita, por exemplo, utiliza um chatbot de forma "inteligente", não permitindo que ele "alucine" respostas abertas, mas guiando o usuário por opções pré-definidas para questões como o preenchimento do carnê-leão. Isso demonstra uma abordagem cautelosa e eficaz na interação com o público. O próprio TCU desenvolveu o ChatTCU, uma ferramenta interna que, em apenas três meses após o lançamento do ChatGPT, já integrava bases de dados de jurisprudência, serviço administrativo e normas, permitindo conversas sobre processos e resumos de peças. Utilizando modelos avançados como o GPT 4.0 e Gemini, o ChatTCU oferece um exemplo concreto de como a IAG pode ser adaptada para o conhecimento institucional específico, aumentando a eficiência e o acesso à informação para os servidores.

Para além desses exemplos, a IAG impulsiona a capacidade de inovação e aprimoramento contínuo. A empresa NVIDIA, que produz os chips necessários para o funcionamento de IAs, teve um crescimento exponencial de valor de mercado após 2022, evidenciando o gigantesco investimento global na área e a percepção de seu valor estratégico. A perfeição e a evolução da qualidade das imagens geradas por IAG em poucos anos sublinham a rapidez com que a tecnologia amadurece. A capacidade da IAG de passar em testes de QI com pontuações acima da média humana (ex: OpenAI O1 com QI 120) reforça sua capacidade lógica, que é crucial para a análise de grandes volumes de dados e para a tomada de decisões baseada em evidências.

Em suma, a IAG não é apenas uma ferramenta auxiliar; é um componente estratégico fundamental para a modernização da gestão pública. Seus benefícios em produtividade, qualidade e capacidade analítica são inegáveis. A adoção proativa e bem planejada dessa tecnologia permitirá que as organizações públicas brasileiras elevem o padrão de seus serviços, otimizem a alocação de recursos e fortaleçam sua capacidade de responder aos desafios complexos da sociedade contemporânea. A experiência de órgãos como o TCU serve de farol, demonstrando que a jornada para uma administração pública mais inteligente e eficiente já começou.

Deixe seu Comentário: Como a adoção estratégica da IA pode transformar a administração pública e os desafios que ainda precisam ser superados para que o setor alcance níveis mais altos de eficiência, inovação e qualidade nos serviços prestados à sociedade?

Inteligência ArtificialGenerativa Aplicada ao Serviço Público

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